quinta-feira, 11 de junho de 2015
Erasto teria reprovado severamente Chico Xavier
A montagem é grotesca. Juntam-se imagens de Jesus de Nazaré e Allan Kardec com a "discreta" figura de Francisco Candido Xavier, escrevendo alguma coisa. A edição da imagem, um apelo claramente demagógico, não consegue sequer arrumar o "braço cortado do professor lionês com o paletó do anti-médium mineiro, daí o grotesco da imagem em questão.
Um referido líder "espírita", usando essa imagem tendenciosa, tentou usar em causa própria os ensinamentos de Erasto e Allan Kardec, sobretudo a frase do primeiro, que diz: "É melhor repelir dez verdades do que admitir uma única mentira".
Com sua pregação sobre a "coerência de conduta", o "bondoso" palestrante tenta exaltar a Doutrina Espírita e se julgar fiel a Allan Kardec, mas se mantendo fiel, na verdade, ao rol de mistificações e fraudes simbolizados pelo anti-médium mineiro Chico Xavier.
E aí a mentira de Chico Xavier é aceita, admitida tanto por setores oportunistas quanto alguns setores fracos do Espiritismo. Os primeiros, pelo gosto da mistificação, de promover a fraude sob o verniz da "boa conduta", da "boa palavra" e do "trabalho fraternal".
Os segundos, por sua vez, ficam temerosos em não ver arranhar o mito dócil do anti-médium mineiro, o mantém tal qual um penetra que invadiu uma festa, devorou seus quitutes e já está conversando com muitos convidados.
Erasto nunca teria aprovado Chico Xavier. O discípulo de Paulo de Tarso havia lançado suas epístolas, em comunicação espiritual, alertando sobre o perigo de espíritos enganadores e outras pessoas lançarem ideias mistificadoras que viessem provocar a divergência e a desunião.
O exemplo traiçoeiro que surgiu foi o roustanguismo, a nebulosa doutrina de Jean-Baptiste Roustaing, o advogado francês que deturpou os ensinamentos de Allan Kardec. Em seus alertas, ele tentou nos prevenir que os mistificadores iriam usar as mais belas palavras para seduzir as pessoas, e farão de tudo para mantê-las sob seu domínio.
Mas aí os ideólogos do "espiritismo" brasileiro, tão "brilhantes", tentam tirar Chico Xavier, o homem que sempre "quis unir", das acusações de promover a divergência e a desunião. E, no entanto, por que Erasto teria reprovado severamente, com a mais enérgica firmeza, a figura de Chico Xavier?
Simples. Se a mistificação da Doutrina Espírita veio através de Jean-Baptiste Roustaing, adotado entusiasmadamente pela FEB (a memória curta tenta omitir esse dado, mas ele ocorreu), Chico Xavier foi a pessoa escolhida para adaptar o pensamento de Roustaing à realidade brasileira, tornando-se uma opção ao advogado de Bordéus se caso ele saísse desacreditado em um escândalo.
E foi aí que isso ocorreu. O desgaste de Roustaing até fez a FEB demorar para riscar o nome do autor de Os Quatro Evangelhos da ideologia "espírita", mas os livros de Chico Xavier representaram uma opção já que o mineiro adaptou o roustanguismo ao contexto brasileiro e tirando a "acidez" da obra original, evitando os pontos agressivos e polêmicos trazidos por Roustaing.
Chico até substituiu os terríveis "criptógamos carnudos", que são os vermes que abrigam espíritos de humanos falidos, imaginados por Roustaing, pelos "bichinhos do além", como os cachorrinhos, gatinhos e passarinhos que se supõe estarem no mundo espiritual, uma tese refutada seguramente por Kardec e da qual a Ciência não trouxe sequer um indício lógico de probabilidade.
O próprio conservadorismo de Chico Xavier deveria ter sido um alerta para as pessoas evitarem o apreço de suas ideias e textos. Contrariando a vocação transformadora de Allan Kardec, o anti-médium mineiro sempre pregou o conformismo e a apologia do sofrimento, corrompendo as emoções humanas a desejarem o pior para elas mesmas a pretexto dos prêmios indefinidos da "vida futura".
São os prêmios das "bênçãos", que fazem com que os infelizes da Terra não tenham sequer oportunidade de ajudar as pessoas pelo trabalho ou pela divulgação de grandes ideias, mas tão somente a suportar o arbítrio dos calhordas e dos canalhas, aguentar seu poderio, tendo em troca as "benesses futuras" das quais não se tem qualquer ideia do que e como seriam.
Isso corrompe sentimentos, fazendo com que as pessoas ora se sintam por demais orgulhosas ora por demais submissas, ora deprimidas, ora debilmente alegres (no sentido alucinógeno do termo). E isso é muito mal, em função do "sofrimento sem queixumes" que se tornou a bandeira ultraconservadora de Chico Xavier, que muitos erroneamente pensam ser "progressista".
A julgar pela trajetória confusa, pelos ideais contraditórios, pelas atitudes imprecisas e por muito de mistificação e quase nada de realidade, da parte de Chico Xavier, o que poderemos dizer, com a máxima segurança possível, é que Erasto reprovaria o anti-médium, não permitindo qualquer tipo de relativização.
Calúnia? Perseguição? Dissabor? Evidentemente não. O problema é que Chico Xavier personificou todo um rol de mistificações, irregularidades, fraudes, contradições, que, de tão grandes e de tão graves, o fazem ser uma figura nociva para a Doutrina Espírita, conforme os argumentos que o discípulo de Paulo de Tarso havia advertido com tamanha urgência.
Portanto, é tendencioso que o líder "espírita", como qualquer outro, venha a usar Erasto para defender Chico Xavier. Isso é coisa de um discurso embusteiro, travestido da "mais coerente e serena retórica", e mais uma vez é Erasto que, diante disso, nos alerta sobre o perigo dos discursos cheios de beleza, mansuetude e pretensa sabedoria, nos quais se escondem a mentira e a enganação mais cruéis.
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