segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
A relação de Chico Xavier com a doutrina de Allan Kardec
Oficialmente, o anti-médium Francisco Cândido Xavier é considerado o maior mestre do chamado "espiritismo kardecista", o que muitos de seus seguidores entendem que Chico era o maior especialista na doutrina de Allan Kardec no Brasil.
Houve quem alegasse que Chico Xavier estudou e leu bastante os livros de Allan Kardec, que os chamados "espíritas" brasileiros definem como "pentateuco", se utilizando de um jargão dos sacerdotes católicos.
Segundo eles, o "pentateuco" seriam os cinco livros de Allan Kardec que os seguidores menos inclinados e os leigos se limitam a ler, quando o fazem: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e O Inferno e A Gênese.
A tese do "pentateuco", por estranho que pareça para uns, é bastante discutível e o termo não é aceito pelos espíritas autênticos. A seleção também discrimina o trabalho que Kardec fez na Revista Espírita, nos quais explica detalhadamente muitos dos pontos de vista trazidos nos cinco livros, e apresenta outros que enriqueceram a análise dos fenômenos espíritas.
Outra obra discriminada é outro livro básico, O Que É o Espiritismo?, que tem o objetivo inverso mas complementar da Revista Espírita - que aprofunda a análise kardeciana e explica pontos polêmicos - , já que foi um livro que simplificava as análises descritas nos cinco livros básicos, sendo a mais básica das obras básicas, feito para iniciantes e leigos.
CHICO XAVIER NUNCA LEU KARDEC
É uma grande fantasia acreditar que Chico Xavier estudou profundamente os livros de Allan Kardec, já que ele se identificava melhor com o religiosismo do neo-catolicismo prometido por Jean-Baptiste Roustaing em seus volumes de Os Quatro Evangelhos (três, na edição francesa, e quatro, na edição brasileira da FEB, traduzida por Guillon Ribeiro, o mesmo que "suavizou" Kardec).
É só verificar os livros de Xavier, que na sua essência cometem sérias contradições com as obras kardecianas, criando sérios problemas com a abordagem da Doutrina Espírita, não apenas com seu religiosismo extremo, mas também por procedimentos contrários à lógica espírita.
Embora a imagem oficial que se tem de Chico Xavier é de alguém com uma relação ambígua com a obra de Allan Kardec, supostamente como a de um homem que ao mesmo tempo seguiu o kardecismo e o interpretou mal, a verdade é que a relação de Chico com a obra kardeciana foi praticamente nula.
O que aconteceu é que, diante dos tendenciosismos da Federação "Espírita" Brasileira, Chico Xavier foi induzido eventualmente a defender a obra de Allan Kardec, dando uma falsa impressão de que apreciava os livros do professor lionês.
Diante das polêmicas causadas pelas deturpações da Doutrina Espírita, Chico Xavier evocava Allan Kardec apenas para agradar amigos e não decepcionar, sobretudo, os espíritas autênticos como José Herculano Pires, amigo de Chico mas que não compartilhava nem apoiava muitos de seus erros. Amigos, amigos, negócios à parte.
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