quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Tudo começou com um sonho sem muita importância


Tudo começou com um sonho sem muita importância, desses que as pessoas sonham no momento em que dormem.

Em 1969, Chico Xavier sonhou com uma reunião em que ele participava ao lado de figuras religiosas, como um Jesus Cristo estereotipado já descrito no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, o jesuíta Emmanuel, mentor de Chico, e outros.

O assunto era a ida de uma expedição de astronautas estadunidenses à Lua, no famoso episódio de 20 de julho de 1969, e a reunião era para discutir os rumos da humanidade planetária nos próximos 40 anos, como uma suposta moratória da Terra aos pecados cometidos pelos seres humanos.

Publicados no periódico Folha Espírita em 1986, o tema virou livro através de Marlene Nobre e Geraldo Lemos Neto, lançado em 2011, sob o título de Não Será em 2012.

De forma independente da organização do livro, ele inspirou, no entanto, o documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier, de Fábio Medeiros, em que diversas personalidades, entre elas o anti-médium baiano Divaldo Franco, comentam o referido sonho de Francisco Cândido Xavier.

Segundo esse sonho, a Terra, depois de 2019, passaria por uma série de transformações geológicas, geopolíticas e sociológicas que viriam a ocorrer, com o declínio do chamado "Velho Mundo" (Ásia, Europa e, por associação, os EUA), que seria destruído por catástrofes geológicas.

Nele o Brasil apareceria como exílio dos remanescentes do "velho mundo" e seria promovido como uma "nação de vanguarda" a conduzir a evolução da humanidade planetária e a comandar o círculo das nações nos próximos anos.

Bom demais para ser verdade. Se fosse o sonho do Zé da Padaria dizendo a mesma coisa, seria apenas um sonho comum, não viraria livro nem documentário, se perderia no relato dele e de seus amigos e familiares, isso se não guardou o sonho consigo, que morreria no mais anônimo sigilo.

Mas é um sonho de Chico Xavier, o sedutor anti-médium de palavras doces promovido a tudo quanto é atribuição pelo "movimento espírita" brasileiro, um simples caipira mineiro promovido não só a médium, mas também a psicólogo, filósofo, profeta, cientista, sociólogo e tudo o mais, sendo tratado como se fosse um vice-Deus pelos seus seguidores mais entusiasmados.

Por isso, um sonho comum se transformou, de repente, em "profecia". Algo nada de mais, um sonho que eu e você sonhamos, mas que o status quo de alguém o faz traduzir em algo "de extrema importância", o que mostra o quanto o Brasil está atrasado, acreditando em ideias cujo valor não está em si mesmas, mas no status de quem as diz.

Vamos desconstruir o discurso do "movimento espírita". Evidentemente ele não falará mensagens ocultas de supremacia religiosa e política de um Brasil que, extremamente problemático e falho, é anunciado como a futura vanguarda do planeta.

Cabe aqui a gente analisar o que está por trás, vendo o que o "movimento espírita", com seus inúmeros desvios de conduta em relação à Doutrina Espírita de Allan Kardec, traições que vão do âmbito das ideias até ao da ética, é capaz de fazer, ocultando tudo com as tais "palavras de amor".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.